E se eu não fosse eu?

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E se eu não fosse eu...


E se eu não fosse eu, quem eu seria então? Quem eu seria se não tivesse vivido tudo o que vivi? Quem eu seria se não tivesse aprendido tudo o que aprendi? Quem eu seria se não tivesse sonhado os sonhos que me fizeram chegar até aqui? Quem eu seria se não tivesse cantado as músicas que eu cantei ou não tivesse lido os livros que eu li?



Desde pequena aprendi que manga misturada com leite faz mal. Será que eu teria morrido caso fizesse a mistura? Acredito que não.



Desde pequena ouvi que tudo se aprende na escola. Mas, será que física, química ou biologia seriam capazes de me ensinar a não julgar, a perdoar e a amar aqueles que são diferentes de mim?



Já me disseram que tudo é matemática, mas, com toda a certeza do mundo uma música teve mais influência na minha vida do que a fórmula de Bhaskara ou o valor do X.



Eu gosto de pensar que tudo poderia ter sido diferente e fico feliz ao perceber que mesmo se eu tivesse a chance de escolher, gostaria que tudo fosse exatamente igual.


Nascer em uma família pobre me fez dar valor as coisas simples. Tomar veneno quando pequena me fez descobrir que havia um propósito para mim. Perder o meu avô para o câncer aos seis anos de idade me ensinou que nada é para sempre, que a morte chega e que precisamos dizer as pessoas o quanto a amamos antes que elas se vão.


Ver o meu pai indo embora para outro país em busca de melhores condições financeiras me fez descobrir que não vivemos em um país tão bom assim. Mas, vê-lo ir embora também me fez conhecer um amor incondicional que faz com que um pai abandone tudo para dar uma melhor qualidade de vida para a sua filha de oito anos por acreditar que ela tenha um grande potencial. E vê-lo depois de três anos, chorando e doente, por não ter conseguido, me fez entender que o dinheiro sem saúde e sem a família não serve para absolutamente nada.


Ter depressão quase acabou com todos os meus sonhos, planos e projetos, mas me ensinou muita coisa. Aprendi que psicólogo não é medico para loucos e que depressão não é nome cientifico para drama. Aprendi que não somos fracos por pedirmos ajuda e sim fortes por reconhecermos que não podemos nada sozinhos.


 Aceitar Jesus com quinze anos mudou toda a minha vida. Descobri que ainda existia esperança para mim e que eu ainda podia sorrir. Descobri que existia alguém que me amava pelo o que eu era e que poderia me libertar de toda tristeza, amargura, desejo de morte, solidão. Descobri que eu poderia ser totalmente livre, pois o amor de Deus nos liberta. Aprendi que a religião em si aprisiona, mas Jesus é liberdade.


Eu sei que o exercício em questão era escrever como seríamos se fossemos outra pessoa, mas eu já fui outra pessoa e posso falar com propriedade sobre ela. Eu era alguém que queria a morte, que odiava o mundo, que não suportava a felicidade alheia, mas essa Andreia não existe mais.


Hoje eu amo a pessoa que me tornei. Tenho muito o que mudar, é verdade, mas descobri que eu amo as mudanças. Temos que viver em constante evolução, nos tornando pessoas melhores a cada instante. A cada segundo nos tornamos um pouco diferentes e é essa a graça da vida. Não quero pensar em como eu seria caso fosse outro alguém e sim em como posso melhorar a pessoa que eu sou hoje.


Eu cresci ouvindo música sertaneja raiz e nunca gostei. Cresci em uma casa onde ninguém lia e sempre amei ler. Toda a minha família é apaixonada por “pequi” e eu não suporto o cheiro. No meu primeiro ano na escola todos os meus colegas queriam desenhar e eu queria aprender a ler (e aprendi). Com o passar do tempo, todos queriam as aulas de educação física e eu as de redação. Todos queriam medicina, engenharia e eu jornalismo. Se é o meio que nos forma, creio que sou uma exceção. Sempre busquei o oposto do que todos faziam. Sou melhor que eles por isso? De forma alguma. Gosto muito da frase do Pablo Neruda: Somos livres para fazer as nossas escolhas, mas somos prisioneiros das consequências. Até hoje não sei desenhar e sou péssima em qualquer esporte que me proponha a fazer, mas não me importo. Naquilo que escolhi para mim tento dar o meu melhor, mesmo que às vezes não consiga.


Sou daquelas que acredita que o impossível não existe, ou em como diria o Chorão, que ele é só questão de opinião. Já me disseram que eu nunca veria o mar. Não só o vi como o toquei. Já me disseram que o amor não existia e por vezes acreditei nisso, mas depois que o conheci, sei que ele é lindo. Já me disseram que os casamentos não duram mais, porém conheço um casal que está junto há mais de 40 anos e persiste no olhar de ambos o brilho da paixão.


Já me disseram que Deus não existia. Mas, você já parou para ver o desabrochar de uma rosa, o nascimento de uma criança, como as nuvens se formam no céu ou como a água cai em forma de chuva?


Acredito sim que o meio em que vivemos possa interferir em nossa vida, em nossos costumes, pensamentos, mas sei que ele só pode interferir até o ponto em que nós decidirmos que ele terá poder de interferência. O ser humano é um animal racional que pensa, sonha, realiza, ama e principalmente decide.

Texto escrito para a disciplina de Antropologia do curso de Jornalismo.
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